A criança pode dizer ao ancião: “Eu vim da
Vida, e tu voltas para a Vida”. Esta integração do vivo na Vida não é presente
de berço, nem dádiva de esquife – é uma conquista da consciência. E onde impera
o livre arbítrio da conquista não há primeiro nem último; essa conquista não
depende da idade do corpo, mas da idoneidade do espírito. O invólucro ego nos
foi dado para que através dele o Eu se realize plenamente. É necessário que a
alma encontre resistência no corpo, porque sem resistência não há evolução. O
envolvimento da alma espiritual pelo corpo material não tem caráter punitivo, e
sim evolutivo. A alma é uma emanação individual da Divindade Universal; mas
essa individualidade espiritual é apenas uma potencialidade, que deve
transforma-se em atualidade. A alma realizável deve realizar-se plenamente
através do corpo; e essa realização se processa através da passagem pelo corpo,
que, por enquanto, é grosseiramente material. A realização da alma começa no
corpo material e continuará através de outros corpos não materiais, até chegar
ao corpo mais sutil, que talvez seja o corpo-luz. Quanto mais a alma
intensificar a consciência da sua essencial identidade com o espírito divino, tanto mais se aperfeiçoa, também, o seu invólucro
corpóreo.
Comentário do Blog –
ATMAN:
Aqui a “criança” representa uma alma,
recém-individualizada, aquela que começa as suas experiências no plano físico.
Fala também de uma alma no limiar de encerrar seus ciclos de encarnações e
voltar, definitivamente, à consciência Viva do Criador.
Fala, ainda, de um período, representado pelo termo “parênteses”, que representa nossa
existência no plano físico, sem consciência do que somos. Esta fase da
manifestação da vida, através de um ser individualizado na matéria, só pode
ocorrer em “exílio de consciência”,
posto que, na matéria, nossa função é a mesma da antítese em contraposição à
Tese. A Fonte “crea” (*) esta
situação para poder ser a Síntese e passando pela fase de negação, da única
forma possível, sendo uma “ilusão”
dentro de sua Verdade. A Onipotência da Fonte não lhe permitiria negar a Si
Própria, posto que no seu estado puro, não há “espaço” para tal ação. A ilusória “creação” (*) de um plano de ilusão, permite a manifestação do “Creador” (*) no tudo e no nada, como
Tese, antítese e Síntese.
Quando, no texto, o autor fala de “resistência”, refere-se ao papel de antítese que o ego, do nosso
veículo físico, desempenha em todo o processo de manifestação da Fonte na
matéria. Vencer esta resistência e voltar à Fonte é a nossa missão, enquanto
encarnados.
A emanação da Luz do “Creador”
necessita, na matéria, de fluidez, como uma corrente elétrica necessita de
condutividade, no fio, se esta Energia não encontra fluidez, conseguida,
através de nosso esforço, neste plano, Ela curto circuita, dentro de nós e,
literalmente, nos “derrete”. Nosso
esforço individual para evoluir dentro do “parêntesis”
da Vida, nos torna fluido e permeável à convivência com a Luz da Fonte e nos
torna, igualmente, a Fonte. É quando uma alma individualizada se religa e se
ilumina dentro de si própria.
(*) Creador, crear: A substituição da
tradicional palavra latina crear pelo neologismo moderno criar
é aceitável em nível de cultura primária, porque favorece a
alfabetização e dispensa esforço mental – mas não é aceitável em nível de
cultura superior, porque deturpa o pensamento.
Crear é a manifestação da
Essência em forma de existência – criar
é a transição de uma existência para outra existência. O Poder Infinito
é o creador do Universo – um fazendeiro é criador de gado. Há entre os homens
gênios creadores, embora não sejam talvez criadores. A conhecida lei de Lavoisier diz que “na natureza
nada se crea e nada
se aniquila, tudo se transforma”, se grafarmos “nada se crea”, esta lei
está certa mas se escrevermos “nada se cria”,
ela resulta totalmente falsa.
Por isto, preferimos a
verdade e clareza do pensamento a quaisquer convenções acadêmicas.
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