Por: Hubert Rohden
Em 1945, lavradores escavaram, num velho cemitério de Nag Hammadi, no Egito, alguns potes de barro, com manuscritos em caracteres coptas. Parte destes papiros encadernados em couro foi usada, pelos colonos, para acender fogo, parte foi vendida e veio a parar no museu copta do Cairo, onde foram guardados durante onze anos, sem que ninguém lhes dessem importância.
Em 1945, lavradores escavaram, num velho cemitério de Nag Hammadi, no Egito, alguns potes de barro, com manuscritos em caracteres coptas. Parte destes papiros encadernados em couro foi usada, pelos colonos, para acender fogo, parte foi vendida e veio a parar no museu copta do Cairo, onde foram guardados durante onze anos, sem que ninguém lhes dessem importância.
Mais
tarde, alguns peritos examinaram cientificamente esses documentos e verificaram
que, além de outros manuscritos, esses papiros continham o Evangelho do
Apóstolo Tomé, isto é, cópias do original que remontam ao século II da Era
Cristã.
Não
se trata, como nos outros Evangelhos, de uma narrativa da vida histórica d
Jesus, mas sim de pouco mais de uma centena de sentenças ou aforismos de “Jesus,
o Vivo”. Logo de início, apareceram as seguintes palavras:
“Estas são as palavras de Jesus, o
Vivo, que foram escritas por Didymos Thomas”.
A
palavra aramaica “Thomas” quer dizer “gêmeo”;
em grego “Dydimos”.
As
palavras secretas são ensinamentos esotéricos de Jesus proferidas não para as
massas populares, mas para a elite escolhida de discípulos do divino Mestre
capazes de compreenderem o sentido místico de certas verdades profundas. Também
pelos outros Evangelhos, consta que Jesus disse a seus discípulos: “A vós vos é dado compreender os mistérios
do Reino de Deus, enquanto ao povo só lhe falo em parábolas”. Tomé se
limita a mencionar certas palavras de Jesus sobre os “mistérios do Reino”, que desafiam mais a intuição espiritual do
que a análise intelectual do leitor. Alguns desses aforismos são altamente
paradoxais, lembrando, por vezes, a linguagem de Lao Tsé, no seu Tao Te Ching, justificando a conhecida frase de
Tertuliano: “Credo, quia absurdum”(...acredito porque é absurdo...)
Tomé
parece interessar-se mais pela enigmática verticalidade do Cristo cósmico, do que pela popular horizontalidade do Jesus humano.
Tomé
é quase ignorado pelos quatro Evangelhos conhecidos. O cristianismo o conhece
quase somente pela incredulidade com que enfrentou os outros discípulos, quando
falavam de Jesus redivivo, exigindo e obtendo uma prova empírica da ressurreição
física do Mestre. O proverbial “ver para
crer” é, então, sinônimo de Tomé.
Segundo
a antiga tradição cristã, Tomé demandou o Oriente, após a ascensão de Jesus.
Em
1969, fui visitar a catedral de São Tomé, em Madras, no Sul da Índia, igreja
fundada pelos portugueses que, no século XV, foram à Índia, com Vasco da Gama.
Nessa igreja encontra-se o túmulo de Tomé.
A
presente tradução em vernáculo baseia-se na versão francesa de Philipe de Suarez, feita, diretamente,
dos manuscritos em língua copta, dos
manuscritos encontrados no Egito. Esses documentos levam o título em grego Euangélio Katá Thomas (Evangelho segundo
Thomas). Aliás já existia uma antiga tradução grega deste Evangelho, mas o
estudioso francês preferiu fazer nova tradução, diretamente, dos manuscritos coptas.
O
original de Tomé foi, provavelmente, escrito em aramaico.
Os
comentários aso 114 textos são exclusivamente nossos, que em face do caráter
misterioso do texto, comportam explicações várias, consoante a intuição
espiritual dos leitores.
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