Aqui
se trata de um paralelo entre dois modos de ver: o homem profano vê o que está
diante dele, mas não o conhece – ao passo que o iniciado conhece o que não está
diante dele. A Realidade não é visível, como as facticidades. A visão puramente
empírico-analítica dos sentidos e do intelecto não é conhecimento verdadeiro. O
verdadeiro conhecimento é uma intuição, ou intro-visão, uma visão de dentro da
Realidade, e não uma visão externa, uma extra-visão ou pseudo-visão de
facticidades ilusórias. Quando a ex-tuição do profano é substituída pela
in-tuição do iniciado, então o homem sabe e saboreia a alma do Universo,
que é a Realidade, e a alma do seu próprio ser.
Quem
nunca passou da extra-visão ilusória para a intro-visão verdadeira, nada sabe
da verdade; e quem não está na verdade não está liberto da ilusão.
Verdade,
liberdade, felicidade – estas três são uma só.
Comentário do Blog –
ATMAN: O mundo material, ou dos
sentidos, experimenta o que vê (visão), o que ouve (audição) e o que sente
(tato, paladar e olfato), ou seja, experimenta a ilusão, posto que não
ultrapassa os cinco sentidos dos quais dispõe. A percepção extrassensorial,
somente alcançada, através da intuição, requer trabalho árduo e perseverante, para
ser contactada e, a seguir, usada. O iniciado já a conseguiu e consegue ver o
que é ilusão e perceber o que é a Realidade. Esta deve ser a missão de cada ser
encarnado: chegar à percepção da Realidade, mesmo ainda vendo a ilusão, através
dos sentidos da matéria.
A nossa ciência racional e material, não consegue ultrapassar
esta barreira, pois não admite a existência do que não pode experimentar em
laboratórios físicos, porquanto seus dias estão contados, haverá um “fundo de
poço” para ela. Seus conceitos nos afastam de nossos interiores e levam a
humanidade para fora si própria. Haverá um fim para isso, assim como já houve “infinitos fins”, para todas as humanidades
que nos precederam e que já experimentaram o plano da matéria.
A ciência nada sabe da Verdade. O profano vive na e da ilusão. O
Ego patrocina esta situação, posto que é o fator “resistência” na trilogia Tese, antítese e Síntese. No final “está tudo certo” na matéria, apesar de
termos que sair dela. Só assim seremos Verdade, liberdade e felicidade numa só
Consciência.
Um comentário:
No Evangelho Segundo Tomé encontrei algo em concordância com o post e que aqui deixo:
Conhece o que está diante de teus olhos, e o que a ti estava oculto
te será desvelado; porque não há nada oculto que [a ti] não venha a ser
conhecido.
O termo ‘conhece’, aqui, se refere a ter ‘ciência internamente’. O
‘conhecimento vulgar’ geralmente se refere a uma ‘ciência exterior’,
recebida de fora para dentro, não necessariamente ‘assimilada por dentro’,
a que chamamos ‘horizontalidade’; porque, tal como o ‘horizonte’, ela
muda constantemente, a cada passo dado em sua direção. O
‘autoconhecimento’ é uma ciência interior, ‘vertical’, que nos leva
diretamente à nossa essência espiritual, a Centelha. Quando passamos a
‘conhecer verticalmente’ o que está diante de nossos olhos, acionamos o
assim chamado ‘terceiro olho’, ‘olho espiritual’, ou ‘olho búdico’, o ‘olho
da iluminação’; e a ‘Luz que manifesta todas as formas’, que até ali
permanecia oculta, a nós se revela e passa a ser percebida, conhecida ou
reconhecida; e, então, ‘tomamos conhecimento de que em tudo está
presente a Luz do reino do Vivo’. Gratidão!
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