Nestas palavras aparece o homem de consciência
cósmica, que sabe lidar com todas as coisas pequenas do mundo material, mental,
e social, que entram na rede da sua vida diária; mas tem o dom do discernimento
espiritual, em virtude do qual distingue de relance o que é importante e
duradouro para sua verdadeira evolução; dá a Deus o que é de Deus e dá a César
o que é de César: escolhe a “única coisa necessária” de Maria, e deixa as
coisas facultativas para Marta. Fica com o peixe grande e liberta-se dos
pequenos.
Esta pequena parábola faz lembrar as duas parábolas
do “tesouro no campo” e da “pérola preciosa”, em que o feliz descobridor se
desfaz de todas as outras coisas e adquire o tesouro e a pérola.
O homem-Eu possui uma espécie de faro cósmico, ou
intuição, em virtude da qual ele discerne o que é qualidade duradoura, e o que
é apenas quantidade efêmera; enxerga as coisas sub “specie aeternitatis”, como dizem as biografias dos santos.
O homem profano só se interessa pelas coisas
quantitativas, e não percebe a coisa qualitativa.
O homem místico do misticismo unilateral apanha na
sua rede somente o peixe grande da espiritualidade isolada.
O homem de consciência cósmica, ou da mística
onilateral, apanha na rede da sua vida coisas de toda a espécie, mas devolve ao
mundo as coisas sem valor e se apodera da única coisa valiosa. “Examinai todas
as coisas – disse Paulo de Tarso – e ficai com aquilo que é bom”.
Comentário
do Blog – ATMAN: Aqui
vemos mais uma lição que nos conduz ao caminho certo e único da iluminação, o
discernimento. Saber discernir entre o que é real e o que é ilusão transitória,
entre o que é da sua missão e o que não é, entre quem deve e quem não deve
fazer parte da sua vida naquela área específica de sua manifestação como ser em
evolução.
As distrações são inúmeras e nos cabe, como prova individual,
distingui-las do que realmente é importante para a continuidade, equilibrada,
de nossa caminhada. À medida que evoluímos nos distraímos menos, as coisas
transitórias nos chamam menos a atenção e nos focamos no que realmente importa.
Não podemos dizer que perdemos tempo, pelo foco espiritual,
posto que, o tempo não existe e não poderíamos perder o que não é real. O que
perdemos, ao escolher o irreal, ou as coisas transitórias é o foco de nosso
caminho, gerando retrabalho no nosso “currículo
de alma” e retrabalho gera sofrimento, com certeza, inútil.
O discípulo vai, a cada etapa que vence, ganhando experiência e “fótons”, usando uma linguagem figurativa,
para acrescer no seu “depósito de pontos”
, no qual guarda a consciência já adquirida.
Verifica-se, então, que este trabalho é uma tarefa de limpeza
pessoal, saindo do ”imundo” (sujo), para
o “mundo” (limpo).
O mundo do qual falamos, não é o que vemos, mas o que sustenta o
que vemos, apesar de não o vermos, com os olhos físicos.
Grande parte desta limpeza se dá na nossa mente concreta e o
fazemos quando meditamos, tirando-lhe os pensamentos inúteis e dispersivos da
qual ela está lotada.
A mente é a ferramenta do pensamento, mas quem deve usá-los é o
coração, nosso passaporte para a iluminação.
Numa outra fase de nossa evolução, quando já estivermos usando a
mente abstrata, ou mente cósmica, nossa mente concreta, já “desmascarada” , estará plenamente integrada e já não produzirá
mais “lixo” (pensamentos inúteis).
Nesta fase, o “joio”
(ilusão) não será mais produzido, nem aceito e poderemos desfrutar do “trigo” (consciência), plenamente.
Quando aprendemos a "separar o joio do trigo" na nossa mente, de forma dirigida pelo coração, tudo o que não faz parte do nosso caminhar, se afasta naturalmente, ficando apenas o que nos é importante. Pessoas erradas não cruzam mais nossos caminhos, as erradas que ainda estão por perto se afastam, diminuem os aborrecimentos e doenças, tudo se torna mais equilibrado ao nosso redor.
Separar o joio do trigo é a fase na qual ainda estamos
vivenciando nossa manifestação terrena. É nesta tarefa que devemos colocar
nossa atenção, todo o tempo, a cada segundo, a cada minuto, a cada hora, a cada
dia. Este exercício constante, nos tornará aptos à religação ou, por outra, a
recebermos nossa consciência de volta, nos iluminando.
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