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domingo, 2 de junho de 2013

09 – DISSE JESUS: SAIU O SEMEADOR. ENCHEU A MÃO E LANÇOU A SEMENTE. ALGUNS GRÃOS CAÍRAM NO CAMINHO, VIERAM AS AVES E OS CATARAM. OUTROS CAÍRAM SOBRE OS ROCHEDOS, NÃO DEITARAM RAÍZES PARA DENTRO DA TERRA NEM MANDARAM BROTOS PARA O CÉU. OUTROS AINDA CAÍRAM ENTRE ESPINHOS, QUE SUFOCARAM A SEMENTE E O VERME A COMEU. OUTRA PARTE CAIU EM TERRA BOA, E PRODUZIU FRUTO BOM RUMO AO CÉU, PRODUZIU SESSENTA POR UMA, E CENTO E VINTE POR UMA.



Esta parábola do semeador é quase igual à dos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, à exceção de divergências insignificantes. O que é notável em todos os textos é o fato de ter o semeador – que é o Filho do Homem – lançado a semente da palavra de Deus indistintamente em terrenos bons e maus. Segundo a nossa agronomia, não devia ter semeado no caminho, no rochedo e nos espinhos, mas exclusivamente em terra boa. Mas, como o principal da parábola não é o símbolo material, e sim o simbolizado espiritual, o procedimento do semeador é correto; não concorda com a agronomia material, mas condiz com a agronomia espiritual, onde o campo é a alma humana dotada de livre arbítrio. O solo físico não pode modificar a sua receptividade; mas o solo metafísico, humano, é responsável por sua receptividade, maior ou menor. Sendo a semente a própria palavra de Deus, sempre ótima, a sua diferença de produção não corre por conta da semente, mas por conta do terreno em que é semeada, isto é, a alma humana.
A parábola visa, portanto, a advertir os homens da sua responsabilidade em face da semeadura espiritual; os terrenos improdutivos da humanidade são culpados por sua improdutividade. O livre arbítrio humano é responsável pelo fato de produzir nada, pouco ou muito.
Aqui está mais uma apoteose do livre arbítrio do homem, sempre de novo negado por certos cientistas incompetentes. O livre arbítrio existe potencialmente em todo ser humano normal; mas a sua atualização depende do desenvolvimento da consciência de cada um. As leis cósmicas produzem não somente creaturas creadas, mas também creaturas creativas. Estas últimas podem crear-se melhores ou piores do que Deus as creou. A semente da palavra de Deus é ótima, mas o terreno humano é variável: mau, bom, ótimo.

Comentário do Blog – ATMAN: Aqui vemos, mais uma vez, a evidência de que nós somos os únicos responsáveis pela nossa evolução e consequente iluminação. Apesar de restrito aos planos de manifestação mais densos, é o livre arbítrio a única chave que abre a porta da evolução e sem ele, não há como fazer a semente da “Palavra da Creador” germinar em nosso interior.
Considero o livre arbítrio uma ilusão, quando focamos o plano mais amplo da manifestação do Creador, posto que, sendo Ele Onipotente, não seria possível haver outro livre arbítrio além do Dele. Isso só seria possível num plano ilusório, que é o plano onde imaginamos existir. Mas dentro da ilusão, sendo ele possível, também é o caminho para provar nossa inconsistência perante o Creador e nos desiludir do que vemos e sentimos e, consequentemente, nos iluminando (*).
O caminho da iluminação é a desilusão (**), posto que a antítese (***) de uma Tese Creadora, não teria outro caminho senão a sua própria falência, transformando-se em Síntese provada, ao comprovar a Tese inicial.

(*) A iluminação é a própria ação de se transformar em Luz, ou seja, a ação de nos tornarmos Uno com o Creador e voltarmos a ser conscientes de que Somos o próprio Creador.

(**) Desiludir-se é a ação de, por vontade própria, usando nosso livre arbítrio, dentro da ilusão, sair dela. Sair da ilusão é reencontrar a Verdade e reencontrar a Verdade é reencontrar o Creador e ser uno com Ele.

(***) Nossa condição de antítese é necessária, pelo processo utilizado pelo próprio Creador, para dar continuidade à Creação. Não se sabe nem se pode saber onde tudo começou e para onde vai ou se vai acabar. O que sabemos é que somos temporários no plano físico que, em conjunto com a Obra tem que ser eterno, posto que Tese, antítese e Síntese coexistem num só momento, o Presente. Não percebemos este contexto, por conta de sermos inconscientes do que realmente somos, enquanto neste plano.

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