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domingo, 9 de junho de 2013

11 – DISSE JESUS: ESTE CÉU PASSARÁ, E PASSARÁ TAMBÉM AQUELE QUE ESTÁ POR CIMA DESTE. OS MORTOS NÃO VIVEM, E OS VIVOS NÃO MORRERÃO. QUANDO COMÍEIS O QUE ERA MORTO, VÓS O TORNÁVEIS VIVO. QUANDO ESTIVERDES NA LUZ, QUE FAREIS? QUANDO ÉREIS UM, VOS TORNASTES DOIS; MAS, QUANDO FORDES DOIS, QUE FAREIS?



Estas palavras do Evangelho de Tomé são de imensa profundidade, e dificilmente encontrarão paralelo em outros livros sacros.
O céu físico passará, e mesmo os outros céus – astral, etéreo, mental, ou que outro nome tenham – são estágios evolutivos não definitivos.
Todos os seres que não integrarem a sua individualidade viva na Vida Universal são mortos, porque mortais, embora se considerem fisicamente vivos. O que não é metafisicamente vivo não é realmente vivo. Somente o vivo que se integra na Vida é que é real e definitivamente vivo. Os vivos não integrados na Vida são mortos, pseudo vivos, mas realmente mortos. Imortal é somente a Vida, a Divindade, o Infinito, o Eterno, o Absoluto; todas as creaturas são mortais, ou então imortalizáveis; nenhuma creatura é realmente imortal; imortal é somente o Creador.
A Sagrada Escritura chama “morto” o homem que vive na ego-consciência, porque não integrou o seu ego, pseudo vivo, na Vida; o homem da ego-consciência não é realmente vivo. Realmente vivo é somente o homem da cosmo-consciência, que integrou o seu vivo individual na Vida Universal.
Os verdadeiramente vivos não podem morrer jamais, porque integraram o seu indivíduo potencialmente imortal na Realidade atualmente imortal.
O homem ainda não realmente imortal come coisas mortas, como são todos os alimentos assimiláveis, mesmo os que a ciência chama vivos, como vegetais crus. O homem definitivamente imortalizado não se nutre de nada que seja morto ou mortal.
Quem digere e assimila o morto ou mortal torna-o imortal. Assimilar quer dizer tornar o assimilado semelhante ao assimilador. A Filosofia Oriental manda “comer o mundo”. O profano, porém, é comido pelo mundo, e por isto é mundanizado ou profanizado. O místico isolacionista recusa comer o mundo e se isola longe do mundo; não é mundano nem mundanizado. Somente o homem cósmico, o místico dinâmico, não é comido pelo mundo, nem recusa comer o mundo, mas come o mundo e o digere devidamente; e, neste caso, o mundo, devidamente digerido e assimilado, ajuda o homem a crescer e realizar-se cada vez mais. O homem cósmico é o homem realmente vivo e imortalizado.
Só o homem, quando definitiva e realmente vivo, não necessita de comer, a não ser luz, que é a última fronteira do mundo material; a luz cósmica é energia descondensada, a substância mais sutil que existe no mundo creado.
O homem, lucigênito e lucificado, é também lucífago.
No princípio, todo o Verso era Uno. O Uno creador manifestou-se no Verso creado, em infinitos graus de diversidade e diversificação. Agora o Universo existe como Realidade Uno e Facticidades Verso. Quando o Verso morre, volta ao Uno, o Vivo se dilui na Vida; ou então, como no homem, o Verso do Vivo se integra no Uno da Vida. As creaturas infra-humanas se diluem no Creador e deixam de existir como creaturas distintas. Somente o homem, em vez de se diluir, pode integrar-se na Vida do Creador.

O caminho da iluminação é solitário.
Comentário do Blog – ATMAN: Aqui temos, mais uma vez, a referência à trilogia Tese, antítese e Síntese. A cada texto que lemos nos parece que tudo nos leva de volta a Ela.
A troca de energia é primordialmente necessária para a evolução daqueles que estão “caídos” na matéria e vivendo na polaridade, posto que, morremos um pouco a cada segundo e temos que repor o que foi “gasto”, quase que imediatamente.
Precisamos repor com mais matéria de frequência vibratória similar, para podermos assimilá-la e processá-la, transformando-a em energia utilizável. Mas não podemos repor tudo, por mais que nos cuidemos, o nosso DNA tem previsto o momento de voltarmos à terra, naquilo que achamos que somos em nosso Ego.
Esse ciclo, chamado antítese e que achamos ser o real ou realidade é a antítese do Creador, necessário para completar a trilogia, pois sem ele não haveria a manifestação do Todo.
Quando o autor fala em comermos o mundo, ele se refere à nossa missão de creaturas que estão no caminho de volta ao Creador e, para conseguirmos completar nossa jornada, temos que “assimilar” o que chamamos de mundo material. Em verdade nós estamos no mundo e o mundo, também, está em nós, potencialmente. É só uma questão de colocarmos o mundo num lugar só, ou seja, dentro de nós mesmos. Alguns já conseguiram isso e ascenderam ao Creador.
Na prática, para conseguirmos completar esta tarefa, temos que nos afastar do mundo, gradativamente. Isolar-se do “mundano”, das coisas da matéria e, automaticamente, o Real se instalará em nós, sem que percebamos, muitas vezes.
O autor fala, ainda, do homem “lucigênito” (nascido da Luz), “lucificado” (transformado em Luz) e “lucífago” (que se alimenta da Luz), como aquele que conseguiu completar seu caminho. Para ele, que já reencontrou sua origem depois de Tê-la negado, só importa o Ser, pois em seu estágio atual, nada mais há a manifestar, a não ser sua própria plenitude como Creador.

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