Estas
palavras do Evangelho de Tomé são de imensa profundidade, e dificilmente
encontrarão paralelo em outros livros sacros.
O
céu físico passará, e mesmo os outros céus – astral, etéreo, mental, ou que
outro nome tenham – são estágios evolutivos não definitivos.
Todos
os seres que não integrarem a sua individualidade viva na Vida Universal são
mortos, porque mortais, embora se considerem fisicamente vivos. O que não é
metafisicamente vivo não é realmente vivo. Somente o vivo que se integra na
Vida é que é real e definitivamente vivo. Os vivos não integrados na Vida são
mortos, pseudo vivos, mas realmente mortos. Imortal é somente a Vida, a
Divindade, o Infinito, o Eterno, o Absoluto; todas as creaturas são mortais, ou
então imortalizáveis; nenhuma creatura é realmente imortal; imortal é somente o
Creador.
A
Sagrada Escritura chama “morto” o homem que vive na ego-consciência, porque não
integrou o seu ego, pseudo vivo, na Vida; o homem da ego-consciência não é realmente
vivo. Realmente vivo é somente o homem da cosmo-consciência, que integrou o seu
vivo individual na Vida Universal.
Os
verdadeiramente vivos não podem morrer jamais, porque integraram o seu
indivíduo potencialmente imortal na Realidade atualmente imortal.
O
homem ainda não realmente imortal come coisas mortas, como são todos os
alimentos assimiláveis, mesmo os que a ciência chama vivos, como vegetais crus.
O homem definitivamente imortalizado não se nutre de nada que seja morto ou
mortal.
Quem
digere e assimila o morto ou mortal torna-o imortal. Assimilar quer dizer
tornar o assimilado semelhante ao assimilador. A Filosofia Oriental manda
“comer o mundo”. O profano, porém, é comido pelo mundo, e por isto é
mundanizado ou profanizado. O místico isolacionista recusa comer o mundo e se
isola longe do mundo; não é mundano nem mundanizado. Somente o homem cósmico, o
místico dinâmico, não é comido pelo mundo, nem recusa comer o mundo, mas come o
mundo e o digere devidamente; e, neste caso, o mundo, devidamente digerido e
assimilado, ajuda o homem a crescer e realizar-se cada vez mais. O homem
cósmico é o homem realmente vivo e imortalizado.
Só o
homem, quando definitiva e realmente vivo, não necessita de comer, a não ser
luz, que é a última fronteira do mundo material; a luz cósmica é energia
descondensada, a substância mais sutil que existe no mundo creado.
O
homem, lucigênito e lucificado, é também lucífago.
No
princípio, todo o Verso era Uno. O Uno creador
manifestou-se no Verso creado, em infinitos graus de diversidade e
diversificação. Agora o Universo existe como Realidade Uno e
Facticidades Verso. Quando o Verso morre, volta ao Uno, o
Vivo se dilui na Vida; ou então, como no homem, o Verso do Vivo se
integra no Uno da Vida. As creaturas infra-humanas se diluem no Creador
e deixam de existir como creaturas distintas. Somente o homem, em vez de se
diluir, pode integrar-se na Vida do Creador.
O caminho da iluminação é solitário. |
Comentário do Blog –
ATMAN: Aqui temos, mais uma
vez, a referência à trilogia Tese, antítese e Síntese. A cada texto que lemos nos
parece que tudo nos leva de volta a Ela.
A troca de energia é primordialmente necessária para a evolução
daqueles que estão “caídos” na matéria
e vivendo na polaridade, posto que, morremos um pouco a cada segundo e temos
que repor o que foi “gasto”, quase
que imediatamente.
Precisamos repor com mais matéria de frequência vibratória
similar, para podermos assimilá-la e processá-la, transformando-a em energia
utilizável. Mas não podemos repor tudo, por mais que nos cuidemos, o nosso DNA
tem previsto o momento de voltarmos à terra, naquilo que achamos que somos em
nosso Ego.
Esse ciclo, chamado antítese e que achamos ser o real ou
realidade é a antítese do Creador, necessário para completar a trilogia, pois
sem ele não haveria a manifestação do Todo.
Quando o autor fala em comermos o mundo, ele se refere à nossa
missão de creaturas que estão no caminho de volta ao Creador e, para conseguirmos
completar nossa jornada, temos que “assimilar”
o que chamamos de mundo material. Em verdade nós estamos no mundo e o mundo, também,
está em nós, potencialmente. É só uma questão de colocarmos o mundo num lugar
só, ou seja, dentro de nós mesmos. Alguns já conseguiram isso e ascenderam ao
Creador.
Na prática, para conseguirmos completar esta tarefa, temos que
nos afastar do mundo, gradativamente. Isolar-se do “mundano”, das coisas da matéria e, automaticamente, o Real se
instalará em nós, sem que percebamos, muitas vezes.
O autor fala, ainda, do homem “lucigênito” (nascido da Luz), “lucificado”
(transformado em Luz) e “lucífago”
(que se alimenta da Luz), como aquele que conseguiu completar seu caminho.
Para ele, que já reencontrou sua origem depois de Tê-la negado, só importa o
Ser, pois em seu estágio atual, nada mais há a manifestar, a não ser sua
própria plenitude como Creador.
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