Pedro
e Mateus falam da personalidade humana de Jesus de Nazaré, que um compara com
um anjo justo, o outro com um homem sábio. Estes dois apóstolos vêem em Jesus
um homem altamente evolvido, muito mais avançado do que outro ser humano aqui
na terra; mas nenhum deles visualizou a entidade cósmica dentro da
personalidade humana, exatamente como numerosos espiritualistas de nossos dias.
Mas, segundo o Evangelho e segundo as próprias palavras de Jesus, o Cristo não
é uma personalidade humana, e sim a primeira e mais alta emanação individual da
Divindade Universal.
No
texto acima citado, Tomé não ousa responder à pergunta de Jesus; prefere
calar-se a falar, porque qualquer comparação que ele fizesse seria absurda;
pois seria sempre uma comparação entre uma creatura humana e outra creatura
humana. Mas, já nesse tempo Tomé vislumbrava algo para além da personalidade de
Jesus de Nazaré; adivinhava o Cristo divino invisível para além do invólucro
humano visível. E por isto se calou. E Jesus lhe fez ver que ele, o Jesus
humano, não era Mestre de Tomé, desde que Tomé havia bebido e se inebriado da
borbulhante Fonte da revelação que o Cristo lhe havia oferecido. Quem vislumbra
a Realidade espiritual não pode falar, porque entrou na zona dos “ditos
indizíveis”.
A
ciência analítica, a erudição humana, fala – mas a sapiência intuitiva, a visão
espiritual, se cala, porque sabe...
Um
dia, como referem os Evangelhos, Tomé quis “ver para crer”; mais tarde, porém,
como prova o texto acima, ele preferiu “crer para ver” – ou melhor: ter fé,
fidelização, sintonia, para ver o Cristo divino no Jesus humano. E quem vê
sabe, e quem sabe não fala – cala-se, porque vê e sabe. Os outros falam porque
não sabem nem veem; Tomé prefere calar-se porque bebeu da taça da suprema
sabedoria.
Comentário do Blog –
ATMAN: Tudo o que se fala ou
se escreve é impreciso e irreal. O indizível é a Verdade e isto é o máximo que
se pode dizer ou escrever sobre o assunto. Quando falamos e escrevemos
relatamos fatos ilusórios, nossa perspectiva sobre o fato ou o assunto. Falar e
escrever são a mesma coisa que definir. Definir é “dar fim” e não se pode dar fim a algo que é infinito, não tem
começo nem fim. Por isso o real se manifesta na “voz do silêncio”.
A porta de entrada para a Iluminação é a meditação e a meditação
é o silêncio da mente. Porquanto, enquanto estamos falando, escrevendo e
descrevendo coisas, fatos e eventos, estamos nos afastando de nosso cerne e da
consequente iluminação.
Mas, mesmo sabendo disso, não podemos deter o nosso ímpeto
comunicativo com o exterior, em detrimento do nosso avanço interior, enquanto
não aquietarmos nossa mente.
É um trabalho árduo, fruto de nossa perseverança e, acima de tudo,
de nossa fé. Necessita extrema atenção de nossa parte, em cada instante de
nossa existência.
É tão fugaz que mesmo estando quase lá, podemos, repentinamente,
despencar encosta abaixo e só parar no sopé da montanha, quando estávamos,
quase, atingindo o cume dela.
Como único apóstolo guardião da experiência de ser Uno com o
Todo e, consequentemente, com o Cristo que se apresentava na manifestação de
Jesus, Tomé já não necessitava chama-lo de Mestre, posto que já sabia que ambos
eram, são e serão Um só.
A busca de nós mesmos nos levará a esta inferência.
Falamos em inferência, posto que conclusões não existem, o Tudo
é um eterno continuar.
Este, também, é o caminho de todos nós!
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