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terça-feira, 25 de junho de 2013

13 - B - DISSE JESUS A SEUS DISCÍPULOS: COMPARAI-ME E DIZEI-ME COM QUEM ME PAREÇO EU. RESPONDEU SIMÃO PEDRO: TU ÉS SEMELHANTE A UM ANJO JUSTO. DISSE MATEUS: TU ÉS SEMELHANTE A UM HOMEM SÁBIO E COMPREENSIVO. RESPONDEU TOMÉ: MESTRE, MINHA BOCA É INCAPAZ DE DIZER A QUEM TU ÉS SEMELHANTE. REPLICOU-LHE JESUS: EU NÃO SOU TEU MESTRE, PORQUE TU BEBESTE DA FONTE BORBULHANTE QUE TE OFERECI E NELA TE INEBRIASTE.



Pedro e Mateus falam da personalidade humana de Jesus de Nazaré, que um compara com um anjo justo, o outro com um homem sábio. Estes dois apóstolos vêem em Jesus um homem altamente evolvido, muito mais avançado do que outro ser humano aqui na terra; mas nenhum deles visualizou a entidade cósmica dentro da personalidade humana, exatamente como numerosos espiritualistas de nossos dias. Mas, segundo o Evangelho e segundo as próprias palavras de Jesus, o Cristo não é uma personalidade humana, e sim a primeira e mais alta emanação individual da Divindade Universal.
No texto acima citado, Tomé não ousa responder à pergunta de Jesus; prefere calar-se a falar, porque qualquer comparação que ele fizesse seria absurda; pois seria sempre uma comparação entre uma creatura humana e outra creatura humana. Mas, já nesse tempo Tomé vislumbrava algo para além da personalidade de Jesus de Nazaré; adivinhava o Cristo divino invisível para além do invólucro humano visível. E por isto se calou. E Jesus lhe fez ver que ele, o Jesus humano, não era Mestre de Tomé, desde que Tomé havia bebido e se inebriado da borbulhante Fonte da revelação que o Cristo lhe havia oferecido. Quem vislumbra a Realidade espiritual não pode falar, porque entrou na zona dos “ditos indizíveis”.
A ciência analítica, a erudição humana, fala – mas a sapiência intuitiva, a visão espiritual, se cala, porque sabe...
Um dia, como referem os Evangelhos, Tomé quis “ver para crer”; mais tarde, porém, como prova o texto acima, ele preferiu “crer para ver” – ou melhor: ter fé, fidelização, sintonia, para ver o Cristo divino no Jesus humano. E quem vê sabe, e quem sabe não fala – cala-se, porque vê e sabe. Os outros falam porque não sabem nem veem; Tomé prefere calar-se porque bebeu da taça da suprema sabedoria.
 
OM, o corpo sonoro do Absoluto.
Comentário do Blog – ATMAN: Tudo o que se fala ou se escreve é impreciso e irreal. O indizível é a Verdade e isto é o máximo que se pode dizer ou escrever sobre o assunto. Quando falamos e escrevemos relatamos fatos ilusórios, nossa perspectiva sobre o fato ou o assunto. Falar e escrever são a mesma coisa que definir. Definir é “dar fim” e não se pode dar fim a algo que é infinito, não tem começo nem fim. Por isso o real se manifesta na “voz do silêncio”.
A porta de entrada para a Iluminação é a meditação e a meditação é o silêncio da mente. Porquanto, enquanto estamos falando, escrevendo e descrevendo coisas, fatos e eventos, estamos nos afastando de nosso cerne e da consequente iluminação.
Mas, mesmo sabendo disso, não podemos deter o nosso ímpeto comunicativo com o exterior, em detrimento do nosso avanço interior, enquanto não aquietarmos nossa mente.
É um trabalho árduo, fruto de nossa perseverança e, acima de tudo, de nossa fé. Necessita extrema atenção de nossa parte, em cada instante de nossa existência.
É tão fugaz que mesmo estando quase lá, podemos, repentinamente, despencar encosta abaixo e só parar no sopé da montanha, quando estávamos, quase, atingindo o cume dela.
Como único apóstolo guardião da experiência de ser Uno com o Todo e, consequentemente, com o Cristo que se apresentava na manifestação de Jesus, Tomé já não necessitava chama-lo de Mestre, posto que já sabia que ambos eram, são e serão Um só.
A busca de nós mesmos nos levará a esta inferência.
Falamos em inferência, posto que conclusões não existem, o Tudo é um eterno continuar.
Este, também, é o caminho de todos nós!

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