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domingo, 23 de junho de 2013

13 - A - ENTÃO LEVOU JESUS TOMÉ À PARTE E AFASTOU-SE COM ELE; E FALOU COM ELE TRÊS PALAVRAS. E, QUANDO TOMÉ VOLTOU A TER COM SEUS COMPANHEIROS, ESTES LHE PERGUNTARAM: QUE FOI QUE JESUS TE DISSE? TOMÉ LHES RESPONDEU: SE EU VOS DISSESSE UMA SÓ DAS PALAVRAS QUE ELE ME DISSE, VÓS HAVÍEIS DE APEDREJAR-ME – E DAS PEDRAS ROMPERIA FOGO PARA VOS INCENDIAR.



Quais seriam essas três palavras que Jesus disse a Tomé? Palavras tão inauditas e tão revoltantes que levariam os outros discípulos a apedrejar o companheiro como culpado de blasfêmia? Pensam alguns intérpretes que teriam sido as palavras “Eu sou tu”, ou “Tu és eu”. Em sânscrito, os iniciados, quando remontam à mais alta sapiência e vislumbram a essencial identidade entre Atman e Brahman, dizem “Tat twam asi” (Isto és tu). Será que Tomé, depois de beber do cálice da sapiência crística, ouviu do Mestre esta sabedoria suprema? Ele diz que das próprias pedras que seus companheiros lhe atirariam sairia fogo para os incendiar. Deviam, pois, ser palavras de fogo aquilo que o Mestre lhe disse e que ele não pôde dizer a seus companheiros. E como, pouco antes, Tomé havia citado as palavras do Cristo que ele lançara à terra, é possível que esse fogo Crístico tenha a tal ponto deflagrado em Tomé que ele se tornasse um verdadeiro Cristóforo ou porta-Cristo. Mas os outros não compreendiam essa identidade do Cristo no homem e do Cristo em Jesus.
Tudo isto deve ter ocorrido entre a ressurreição e a ascensão nos quarenta dias que o ressuscitado dava instruções a seus discípulos. Parece que, depois do Pentecostes, Tomé, que fora sempre meio separatista, se separou definitivamente dos colegas palestinenses e se dirigiu ao Egito, onde foram, em 1945, encontrados os preciosos fragmentos que reproduzem parte do seu Evangelho. Nos primeiros séculos do cristianismo, nos desertos áridos da Tebaida, no Egito, viviam centenas de eremitas, solitários yoguis cristãos, em perpétua meditação. Possivelmente, Tomé, após a grande revelação das três palavras indizíveis sobre o Cristo, se isolou nessa inóspita solidão. Se ele não podia revelar a Pedro e Mateus as três palavras inefáveis, como as poderia revelar a outros homens mais profanos do que eles? E cada um de nós tem de descobrir dentro de si mesmo esse sacro trigrama.

Aquele que se encontra, ilumina-se!
Comentário do Blog – ATMAN: Nesse texto verifica-se, claramente, a alusão á afirmação de que “Somos todos Um!”. E, também, a de que não estamos prontos, ainda, para compreendê-la, por conta de usarmos e acreditarmos na ilusão dos cinco sentidos. Ainda não temos o sexto sentido o suficientemente desenvolvido, ao ponto de nos sentirmos como o próprio Todo. Mas, inexoravelmente, este é o nosso destino. O destino de cada um de nós. Voltarmos à consciência do Criador, depois de termos “brincado” de criatura.
No texto anterior verificamos a solidão voluntária daqueles que se propõem a, realmente, se conhecer. O isolamento nos torna cúmplices da Verdade, e, em verdade, quando atingimos o cerne de nosso interior, ele nos torna a própria Verdade.
O próprio Cristo, através de Jesus, profetizou com a afirmação abaixo:
“De mil que me conhecem, um me segue, de mil que me seguem, um me encontra e, finalmente, de mil que me encontram, Um se reconhece em Mim.”
Este é o caminho da iluminação, o abandono, sem volta, daquilo que achamos que somos, ou, simplesmente, daquilo que não é real.
Em suma, o caminho da Iluminação é o caminho da desilusão!

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