Quais
seriam essas três palavras que Jesus disse a Tomé? Palavras tão inauditas e tão
revoltantes que levariam os outros discípulos a apedrejar o companheiro como
culpado de blasfêmia? Pensam alguns intérpretes que teriam sido as palavras “Eu
sou tu”, ou “Tu és eu”. Em sânscrito, os iniciados, quando remontam à mais alta
sapiência e vislumbram a essencial identidade entre Atman e Brahman,
dizem “Tat twam asi” (Isto és tu). Será que Tomé, depois de beber do
cálice da sapiência crística, ouviu do Mestre esta sabedoria suprema? Ele diz
que das próprias pedras que seus companheiros lhe atirariam sairia fogo para os
incendiar. Deviam, pois, ser palavras de fogo aquilo que o Mestre lhe disse e
que ele não pôde dizer a seus companheiros. E como, pouco antes, Tomé havia
citado as palavras do Cristo que ele lançara à terra, é possível que esse fogo Crístico
tenha a tal ponto deflagrado em Tomé que ele se tornasse um verdadeiro Cristóforo
ou porta-Cristo. Mas os outros não compreendiam essa identidade do
Cristo no homem e do Cristo em Jesus.
Tudo
isto deve ter ocorrido entre a ressurreição e a ascensão nos quarenta dias que
o ressuscitado dava instruções a seus discípulos. Parece que, depois do
Pentecostes, Tomé, que fora sempre meio separatista, se separou definitivamente
dos colegas palestinenses e se dirigiu ao Egito, onde foram, em 1945,
encontrados os preciosos fragmentos que reproduzem parte do seu Evangelho. Nos
primeiros séculos do cristianismo, nos desertos áridos da Tebaida, no Egito,
viviam centenas de eremitas, solitários yoguis cristãos, em perpétua
meditação. Possivelmente, Tomé, após a grande revelação das três palavras
indizíveis sobre o Cristo, se isolou nessa inóspita solidão. Se ele não podia
revelar a Pedro e Mateus as três palavras inefáveis, como as poderia revelar a
outros homens mais profanos do que eles? E cada um de nós tem de descobrir
dentro de si mesmo esse sacro trigrama.
Aquele que se encontra, ilumina-se! |
Comentário do Blog –
ATMAN: Nesse texto verifica-se,
claramente, a alusão á afirmação de que “Somos
todos Um!”. E, também, a de que não estamos prontos, ainda, para compreendê-la,
por conta de usarmos e acreditarmos na ilusão dos cinco sentidos. Ainda não
temos o sexto sentido o suficientemente desenvolvido, ao ponto de nos sentirmos
como o próprio Todo. Mas, inexoravelmente, este é o nosso destino. O destino de
cada um de nós. Voltarmos à consciência do Criador, depois de termos “brincado” de criatura.
No texto anterior verificamos a solidão voluntária daqueles que
se propõem a, realmente, se conhecer. O isolamento nos torna cúmplices da
Verdade, e, em verdade, quando atingimos o cerne de nosso interior, ele nos
torna a própria Verdade.
O próprio Cristo, através de Jesus, profetizou com a afirmação
abaixo:
“De mil que me conhecem, um me segue, de mil que me seguem, um
me encontra e, finalmente, de mil que me encontram, Um se reconhece em Mim.”
Este é o caminho da iluminação, o abandono, sem volta, daquilo
que achamos que somos, ou, simplesmente, daquilo que não é real.
Em suma, o caminho da Iluminação é o caminho da desilusão!
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