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domingo, 30 de junho de 2013

14 - DISSE-LHES JESUS: SE JEJUARDES, COMETEREIS PECADO. SE ORARDES, SEREIS CONDENADOS. SE DERDES ESMOLAS, PREJUDICAREIS AO ESPÍRITO. QUANDO FORDES A UM LUGAR ONDE VOS RECEBEREM, COMEI O QUE VOS PUSEREM NA MESA E CURAI OS DOENTES QUE LÁ HOUVER. POIS O QUE ENTRA PELA BOCA NÃO TORNA O HOMEM IMPURO, MAS SIM O QUE SAI DA BOCA, ISTO VOS TORNARÁ IMPUROS.



As primeiras palavras parecem diametralmente opostas aos ensinamentos de Jesus referidos pelos outros evangelistas. Mas, convém não esquecer que Tomé é intransigente defensor da pura interioridade, que condena frontalmente todo e qualquer ato oriundo do ego humano. De fato, jejuar, orar, dar esmola, pode ser pecado, quando esses atos são praticados meramente pelo ego externo, como Jesus faz ver repetidas vezes. A Filosofia Budista chega ao ponto de ver uma profunda e permanente tragicidade, em toda e qualquer atividade humana, porque o nosso agir é, quase sempre, um ego-agir, um agir em nome e por amor ao nosso ego ilusório. Parece que nunca nenhum pensador ocidental desceu a esse último nadir de profundidade, de ver tragicidade e pecaminosidade em toda e qualquer atividade humana. Entretanto o budismo tem razão, porque todo o agir do homem profano é um falso-agir, um agir, não somente através do ego, mas também em nome e por amor a esse ego, uma permanente egolatria, ou idolatria, que onera o homem de sempre novos débitos ou karmas.
Em face dessa tragicidade do agir, que gera débito, muitos orientais preferem o não-agir ao agir. Somente os grandes Mestres da espiritualidade descobriram uma terceira atitude, equidistante do agir e do não-agir, que é o reto-agir, isto é, agir em nome e por amor ao nosso Eu divino, ao nosso Cristo interno.
As palavras de Jesus acima referidas condenam jejuar, orar, dar esmola, como falso-agir, agir em nome e por amor ao ego; mas não condenam o reto-agir, agir por amor do Eu divino, da auto realização.
Mas, para que o homem possa reto-agir, agir por amor ao seu Eu divino, embora através do seu ego humano, deve ele conhecer esse seu Eu divino. De maneira que, reto-agir supõe como premissa autoconhecimento.
Na segunda parte da sentença acima, volta o Mestre a demolir um dos mais queridos ídolos de muitas das nossas sociedades espiritualistas, interessadas em fazer depender a evolução espiritual do conteúdo do estômago. Alguns vegetarianos consideram a comida como fator decisivo de espiritualidade, quando Jesus nunca deu preceitos sobre isto. Para ele, o alimento mental e emocional é muito mais importante para a espiritualidade do que qualquer alimento material. A saúde espiritual depende mais do que nasce e sai do coração e da mente do que daquilo que entra pela boca e vai para o estômago. Todo o homem sinceramente espiritual sabe instintivamente o que lhe convém comer ou não comer; o seu cardápio não lhe é ditado por nenhum livro, preto sobre branco, mas pela intuição da sua alma.

O Chacra Cardíaco forma um Hexagrama Central.
Comentário do Blog – ATMAN: Da lição acima podemos depreender que o externo tem que ser consequência, nunca causa. Quando focamos o início de nossa consciência da jornada, em busca da iluminação, num fato externo, comer, por exemplo, nos equivocamos. A atitude de iniciar a busca da iluminação tem que brotar do coração, senão, não chegaremos a lugar algum, que não seja ilusório.
Todas as nossas “realizações” materiais são a antítese daquilo que realmente interessa, então, elas devem ser colocadas em seu devido lugar e ter a importância daquilo que representam, nada mais que isso. Todos os nossos atos devem, sempre, ser realizados e abandonados, um por um.
Não sei se depois de lerem 14 (quatorze) textos vocês já chegaram a alguma inferência sobre o tema central deste Evangelho, mas do que vimos até aqui, ele nos leva a crer que, a única busca necessária é a de nós mesmos e que o que buscamos já está em nós.
Ora, basta, então, apenas, nos encontrarmos, para resolvermos tudo!
A questão é: Como fazemos isso?
Muitos já perceberam que já está feito! Se não nos mexermos mais, daqui por diante, em algum lugar, na régua do tempo nos reencontraremos conosco mesmos e com nossa Verdade Divina.
Mas seria muito entediante e, então, resolvemos brincar um pouco, durante a busca, logo após termos perdido nossa consciência Divina. Foi ai que nos perdemos de nós mesmos, individual e coletivamente.
O processo inverso seria: pararmos, descobrirmos onde estamos, de onde viemos e, através do coração, para onde estamos indo.
Esta parada estratégica é fundamental para o início consciente da jornada de volta.
Devemos parar de nos distrair com falsas receitas, amuletos e crendices que só nos enrolam mais no véu de Maya (ilusão).
A pureza do coração é o único caminho, muitos já a têm, mas não a usam, não acreditam em si mesmos. Outros acham que já a tem, mas ao invés de usá-la consigo mesmos, ficam tentando ensinar e doutrinar os outros, gastando energia em vão.
Não é comendo alface que chegaremos à iluminação, mas fazendo brotar de nossos corações a Vontade de fazê-lo!

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